Sinopse:
Amanda,
uma menina cega, voltava para a sua casa. Em determinado momento, seus colegas
começam uma brincadeira de muito mau gosto, fazendo-a perder seu senso de
direção. Desorientada, a garota caminha em direção a um precipício. Cai e a
morte é imediata.
Cem
anos depois, um médico se muda para aquela região com a mulher e sua filha
Michele. Tudo corre normalmente, até o dia em que Michele se acidenta e, a
partir daí, passa a andar de muleta.
O
problema é que a garota agora vive em um lugar onde as pessoas mantêm a ideia
de tratar de forma diferente quem tem algum tipo de problema físico. São
pessoas que, mesmo após 100 anos, continuam preconceituosas. Entristecida pela
mudança de comportamento de seus colegas, Michele começa a sofrer pela
indiferença deles. E é em meio a este sofrimento que Michele, certo dia,
encontra o espírito de Amanda. Para se vingarem das pessoas que tanto mal lhes
causaram, as duas, menina e espírito, unem forças e promovem um verdadeiro
banho de sangue no lugar.
Resenha:
O
genial John Saul, com seu incrível dom narrativo, escreveu diversos livros na
linha do terror. Criativo, didático e erudito, produziu textos tão bons de
serem lidos que a pessoa nem sente o folhear das páginas. Quando se dá conta,
várias páginas já foram devoradas e resta esperar apenas que a obra dure o
suficiente para que seja bem aproveitada.
Quando
li A Fúria Cega – isso faz alguns anos -, comecei num dia e finalizei no outro.
Naquela época lia muito rápido, a média de leitura era, aproximadamente, umas
cento e cinquenta páginas por dia. Hoje em dia não consigo ler tanto assim,
mas, como consequência, a história “dura” um pouco mais, o que me permite
curti-la melhor.
Este
livro me marcou. Verdade. Até então, tinha sido a melhor história de terror que
havia lido em toda a minha vida. Uma pena ter terminado a leitura tão rápido...
Há
livros cujos textos são tão maçantes, que fica difícil prosseguir a leitura.
Muitos foram os livros que desisti de ler antes mesmo de chegar à trigésima
página, pelo simples fato de não ter me agradado o estilo de escrita do autor.
Convenhamos, quem gosta de um texto que fala muito, sem nada dizer? Um texto
com uma linguagem enjoativa, que chega a cansar o mais paciente dos homens? Uma
história que, na falta de um termo mais adequado, se arrasta? Dessa maneira,
quando temos em mãos uma verdadeira jóia dessas, não dá outra: o livro dura uns
dois, no máximo três dias...
Nesta
obra, John Saul nos brinda com a perturbadora história de Michele, uma menina
de 12 anos. Tudo começa em 1880, numa cidadezinha em que a cultura daquelas
pessoas era discriminar quem fosse diferente. Caso alguém tivesse uma
deficiência, fosse ela física ou mental, passava a sofrer preconceito. E era
nesse contexto que vivia Amanda, uma menina de doze anos, que tinha um problema
muito sério: era cega.
Certo
dia, ao retornar da escola para a sua casa, Amanda foi vítima de uma
brincadeira muito cruel por parte de seus colegas: enquanto caminhava, seus
coleguinhas de escola atiravam-lhe pequenas pedrinhas, que não chegava exatamente
a machucá-la, mas fez com que a menina perdesse seu senso de direção. Como
resultado, Amanda caiu de um precipício e sua morte foi imediata. Sem remorso,
seus colegas simplesmente retornaram para suas casas, sem nada comentar com
ninguém. Dessa maneira, os culpados por sua morte jamais seriam punidos...
Exatamente
cem anos depois, ano de 1980, Michele, de 12 anos, filha de um médico, muda-se
com seus pais para esta cidadezinha. Inteligente, bonita e carismática, a
garota logo conquista a amizade da turma de sua escola. Feliz que tudo esteja
indo bem, a garota vive sua vida, aproveitando sua nova casa, escola e amigos.
Porém, chega o dia em que as coisas mudam terrivelmente para Michele - trata-se
do dia em que a menina sofre um acidente.
Mesmo
depois de ter se passado cem anos, as pessoas daquele lugar não mudaram nem um
pouco. Geração após geração, o hábito de discriminar aquele que é diferente
tornou-se um sentimento enraizado no coração das pessoas daquela cidade. Assim,
após o seu acidente, Michele passa a sofrer com a indiferença de seus “amigos”,
pelo simples fato de que agora ela é uma garota deficiente – Michele passa a
usar muletas.
No
momento em que mais precisaria do apoio de seus colegas, Michele vê exatamente
o oposto acontecendo, uma vez que agora, por ser uma deficiente, todos se
afastam dela. A dor de se sentir anormal, somada à crueldade daqueles que antes
se diziam amigos, produz na menina um sofrimento extremo. E o pior é que ela
não tem absolutamente nada que possa fazer para reverter esta situação
dolorosa.
Em
meio a tão terrível sofrimento, a garota encontra, em sua casa, uma boneca
antiga e resolve dar a ela o nome de Amanda. Quando a boneca começa a fazer
parte da vida de Michele, a garota descobre que está sendo contatada por um
espírito de uma menina cega, que tem o mesmo nome de sua boneca. Michele ouve
os relatos de Amanda e os compreende perfeitamente, pois agora ela mesma é
atormentada pelo sofrimento que um dia aquela garota passou, quando se
encontrava viva. Menina e espírito se identificam pelo fato de ambas estarem
sofrendo por causa da loucura daquelas pessoas cruéis, capazes de transformar a
vida de quem é diferente num pesadelo, e decidem unir forças para acabar com
toda essa loucura. Mas quais as consequências que tal união de forças poderá
acarretar?
A
literatura de John Saul é de gelar o sangue. O autor destila ácido até não
poder mais, numa clara demonstração de suas incríveis habilidades de escrita.
Inteligente e criativo, o autor surpreende página após página, provando ser um
grande mestre da literatura do terror. E o desfecho da história, também
impressionante, prega uma verdadeira surpresa no leitor, deixando-o
simplesmente atônito.
Para
os amantes de terror, este livro é altamente recomendável.
Dados do livro:
Título: A Fúria cega
Autor: John Saul
Páginas: 276
Literatura norte-americana
Ano: 1980
Gênero: Terror
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