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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A Fúria Cega

Sinopse:
Amanda, uma menina cega, voltava para a sua casa. Em determinado momento, seus colegas começam uma brincadeira de muito mau gosto, fazendo-a perder seu senso de direção. Desorientada, a garota caminha em direção a um precipício. Cai e a morte é imediata.
Cem anos depois, um médico se muda para aquela região com a mulher e sua filha Michele. Tudo corre normalmente, até o dia em que Michele se acidenta e, a partir daí, passa a andar de muleta.
O problema é que a garota agora vive em um lugar onde as pessoas mantêm a ideia de tratar de forma diferente quem tem algum tipo de problema físico. São pessoas que, mesmo após 100 anos, continuam preconceituosas. Entristecida pela mudança de comportamento de seus colegas, Michele começa a sofrer pela indiferença deles. E é em meio a este sofrimento que Michele, certo dia, encontra o espírito de Amanda. Para se vingarem das pessoas que tanto mal lhes causaram, as duas, menina e espírito, unem forças e promovem um verdadeiro banho de sangue no lugar.

Resenha:
O genial John Saul, com seu incrível dom narrativo, escreveu diversos livros na linha do terror. Criativo, didático e erudito, produziu textos tão bons de serem lidos que a pessoa nem sente o folhear das páginas. Quando se dá conta, várias páginas já foram devoradas e resta esperar apenas que a obra dure o suficiente para que seja bem aproveitada.
Quando li A Fúria Cega – isso faz alguns anos -, comecei num dia e finalizei no outro. Naquela época lia muito rápido, a média de leitura era, aproximadamente, umas cento e cinquenta páginas por dia. Hoje em dia não consigo ler tanto assim, mas, como consequência, a história “dura” um pouco mais, o que me permite curti-la melhor.
Este livro me marcou. Verdade. Até então, tinha sido a melhor história de terror que havia lido em toda a minha vida. Uma pena ter terminado a leitura tão rápido...
Há livros cujos textos são tão maçantes, que fica difícil prosseguir a leitura. Muitos foram os livros que desisti de ler antes mesmo de chegar à trigésima página, pelo simples fato de não ter me agradado o estilo de escrita do autor. Convenhamos, quem gosta de um texto que fala muito, sem nada dizer? Um texto com uma linguagem enjoativa, que chega a cansar o mais paciente dos homens? Uma história que, na falta de um termo mais adequado, se arrasta? Dessa maneira, quando temos em mãos uma verdadeira jóia dessas, não dá outra: o livro dura uns dois, no máximo três dias...
Nesta obra, John Saul nos brinda com a perturbadora história de Michele, uma menina de 12 anos. Tudo começa em 1880, numa cidadezinha em que a cultura daquelas pessoas era discriminar quem fosse diferente. Caso alguém tivesse uma deficiência, fosse ela física ou mental, passava a sofrer preconceito. E era nesse contexto que vivia Amanda, uma menina de doze anos, que tinha um problema muito sério: era cega.
Certo dia, ao retornar da escola para a sua casa, Amanda foi vítima de uma brincadeira muito cruel por parte de seus colegas: enquanto caminhava, seus coleguinhas de escola atiravam-lhe pequenas pedrinhas, que não chegava exatamente a machucá-la, mas fez com que a menina perdesse seu senso de direção. Como resultado, Amanda caiu de um precipício e sua morte foi imediata. Sem remorso, seus colegas simplesmente retornaram para suas casas, sem nada comentar com ninguém. Dessa maneira, os culpados por sua morte jamais seriam punidos...
Exatamente cem anos depois, ano de 1980, Michele, de 12 anos, filha de um médico, muda-se com seus pais para esta cidadezinha. Inteligente, bonita e carismática, a garota logo conquista a amizade da turma de sua escola. Feliz que tudo esteja indo bem, a garota vive sua vida, aproveitando sua nova casa, escola e amigos. Porém, chega o dia em que as coisas mudam terrivelmente para Michele - trata-se do dia em que a menina sofre um acidente.
Mesmo depois de ter se passado cem anos, as pessoas daquele lugar não mudaram nem um pouco. Geração após geração, o hábito de discriminar aquele que é diferente tornou-se um sentimento enraizado no coração das pessoas daquela cidade. Assim, após o seu acidente, Michele passa a sofrer com a indiferença de seus “amigos”, pelo simples fato de que agora ela é uma garota deficiente – Michele passa a usar muletas.
No momento em que mais precisaria do apoio de seus colegas, Michele vê exatamente o oposto acontecendo, uma vez que agora, por ser uma deficiente, todos se afastam dela. A dor de se sentir anormal, somada à crueldade daqueles que antes se diziam amigos, produz na menina um sofrimento extremo. E o pior é que ela não tem absolutamente nada que possa fazer para reverter esta situação dolorosa.
Em meio a tão terrível sofrimento, a garota encontra, em sua casa, uma boneca antiga e resolve dar a ela o nome de Amanda. Quando a boneca começa a fazer parte da vida de Michele, a garota descobre que está sendo contatada por um espírito de uma menina cega, que tem o mesmo nome de sua boneca. Michele ouve os relatos de Amanda e os compreende perfeitamente, pois agora ela mesma é atormentada pelo sofrimento que um dia aquela garota passou, quando se encontrava viva. Menina e espírito se identificam pelo fato de ambas estarem sofrendo por causa da loucura daquelas pessoas cruéis, capazes de transformar a vida de quem é diferente num pesadelo, e decidem unir forças para acabar com toda essa loucura. Mas quais as consequências que tal união de forças poderá acarretar?
A literatura de John Saul é de gelar o sangue. O autor destila ácido até não poder mais, numa clara demonstração de suas incríveis habilidades de escrita. Inteligente e criativo, o autor surpreende página após página, provando ser um grande mestre da literatura do terror. E o desfecho da história, também impressionante, prega uma verdadeira surpresa no leitor, deixando-o simplesmente atônito.
Para os amantes de terror, este livro é altamente recomendável.

Dados do livro:               
Título: A Fúria cega
Autor: John Saul
Páginas: 276
Literatura norte-americana
Ano: 1980
Gênero: Terror

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