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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A Janela de Overton

Sinopse:
..........Noah é jovem, talentoso e muito rico. Filho do lendário Arthur Gardner, um gigante do mundo das finanças, Noah se encontra em uma posição privilegiada. Sucesso também entre as mulheres, Noah é alguém de quem se pode dizer que tem de tudo na vida.
..........Mas o rapaz será colocado à prova ao conhecer a bela e enigmática Molly Ross, uma moça que está prestando um serviço temporário à sua empresa. Molly, garota de respostas inteligentes, não se deixa cair nas graças do charme de Noah, o que atiça a curiosidade do rapaz.
..........Decidido a encontrar uma forma de se aproximar da garota, Noah entrará de cabeça num mundo diferente, cheio de perigos. Sua inteligência será o bastante para enfrentar os desafios que o aguardam?



Resenha:
..........Arthur Gardner é um figurão: antropólogo social, marqueteiro top de linha, empresário... Sua fortuna é tal que, se gastar milhões de dólares por semana durante trinta anos, não vai fazer a menor diferença. Multibilionário, agora se interessa apenas por uma coisa: uma ação conspiratória para esmagar a já fragilizada economia americana, com o objetivo de reconstruir um novo país. Vejamos parte de seu discurso:

..........— Olha só para os senhores. Estão empilhando sacos de areia quando o litoral inteiro está prestes a mudar para sempre. Enquanto isso, os crimes que os senhores temem tanto que o povo descubra continuam ocorrendo. Estamos em meio ao que vai se tornar a calamidade financeira mais devastadora da história da civilização ocidental, e somente nesta semana — por favor, me corrijam se meus números estiverem errados — o Congresso e o governo se comprometeram a repassar quase 8 trilhões de dólares para as mesmas instituições que engendraram a crise. E em sua infinita sabedoria, os senhores colocaram os amigos e camaradas deles no comando da supervisão desse suposto estímulo econômico. Isso é um assalto, um crime perpetrado por pessoas que deviam evitá-lo. Isso já foi feito antes, é claro. A Previdência Social foi o maior esquema de fraude de todos os tempos, mas todas as contas de todos aqueles anos estão finalmente para vencer, e não existe dinheiro suficiente para pagá-las.
..........Um grupo de projetores digitais perto do teto acordou do stand-by e as telas, circundando a sala se acenderam com um panorama ininterrupto de imagens. Tabelas, gráficos, quadros, balancetes e diagramas, cronogramas, fluxogramas e nomogramas, nenhum deles exibido tempo suficiente para absorver a atenção, a não ser cumprir o papel de ser um continuum indistinto de pesquisa de mercado e serviço de inteligência atrás das palavras do velho.
..........— Ao longo do último século os senhores sobrecarregaram seus infelizes cidadãos com uma dívida de 100 mil bilhões de dólares, dinheiro que eles levarão 50 gerações para pagar, isso se até lá ainda houver empregos. Enquanto isso, os senhores estão atolados até o pescoço em duas guerras equivocadas e cada vez mais complicadas, sem o menor indício de fim. São mais trilhões em dívidas impagáveis. Em todo o país os bancos estão falindo. Somente este ano faliram mais bancos do que em toda a década passada. Sua economia movida a dívidas está entrando em uma espiral de queda livre, e mesmo assim a primeira reação dos senhores foi ignorar as necessidades dos eleitores e recompensar os criminosos. Enquanto as execuções hipotecárias das casas dos cidadãos estão batendo todos os recordes e o desemprego vem explodindo em todos os estados, os senhores estão ocupados fugindo das auditorias e nacionalizando os gigantescos prejuízos das apostas da elite de Wall Street. Pelo amor de Deus, os senhores nacionalizaram a General Motors, apenas para livrar do apuro seus amigos sindicalistas. Como sabem, as pensões dos sindicatos estão severamente carentes de recursos, o que acrescenta à conta outros 17 bilhões de dólares. E, devo dizer, 17 bilhões que os senhores não têm.
..........A voz de prata de Arthur Gardner foi ganhando força até encher completamente a sala de reuniões, ponto após ponto, com a autoridade e a cadência de um pregador levando os fiéis ao arrebatamento.
..........— Apenas para conseguir se manter à tona, o governo está tomando emprestados 5 bilhões de dólares por dia, a uma taxa de juros cada vez maior, de nossos oportunistas amigos asiáticos. Mas isso vai acabar quando eles perceberem que as águas estão recuando da praia. Mais cedo ou mais tarde, será impossível negar a verdade, o fato de que não há como pagar essas dívidas, e haverá pânico, uma corrida mundial contra o dólar, e, graças a ações que os senhores tomaram, os resultados serão fatais e irreversíveis. Isso não está acontecendo apenas aqui, é em toda parte. Carroll Quigley explicou o plano em Tragedy and hope (Tragédia e esperança): a única esperança de evitar a tragédia da guerra é unir as economias do mundo para fomentar a estabilidade e a paz mundial. E isso foi feito, mas com consequências involuntárias, ainda que previsíveis. Em vez de se ajudarem mutuamente, os banqueiros internacionais usaram todo o seu poder para obter ganhos de curto prazo, jogando nas costas do povo dívidas inimagináveis. Quando o barco afundar, estaremos de mãos atadas, acorrentados uns aos outros pelos pulsos e tornozelos, e, assim que começar o naufrágio, a destruição não vai ocorrer em um espaço de meses, mas da noite para o dia. Uma depressão, que vai fazer o inferno da década de 1930 parecer o Paraíso na Terra, assolará o país em uma onda gigantesca de ruína e bancarrotas, em uma escala inimaginável. E, quando isso acontecer, quem os senhores acham que as massas vão procurar? Uma pequena dica: as pessoas que vão ser consideradas as culpadas pela tragédia estão sentadas ao redor desta mesa.

..........Creio que já é suficiente para sentirmos o veneno de Arthur, um maníaco com sintomas de grandeza, que se julga no direito de realizar uma operação, planejada durante anos, com o objetivo de mudar a economia norte-americana para sempre. Mas Arthur não contava com a interferência de um grupo extremista, capaz de se infiltrar em sua empresa e por em prática um audacioso plano bem debaixo de seu nariz...


NOTA DO AUTOR

..........Há muitos anos sou fã de livros de suspense. Enquanto os livros de não ficção visam informar, o objetivo da maior parte dos thrillers de suspense é entreter. Mas existe uma categoria de romances que são ambas as coisas: romances completamente ficcionais, mas cujos enredos são calcados em fatos, e foi isso que eu me esforcei para fazer em A Janela de Overton.
..........À medida que você mergulhar na trama, certas cenas e personagens vão parecer familiares. Isso é intencional, pois a história do livro se passa durante um período da história dos Estados Unidos muito semelhante ao que estamos vivendo agora. Mas, embora muitos fatos inseridos no enredo sejam verdadeiros (veja o posfácio para mais detalhes), as situações que criei como resultado desses fatos — juntamente com a maneira como as coisas estão entrelaçadas e as conclusões que daí derivam — são inteiramente ficcionais.
..........Vamos torcer para que continuem assim.
..........Sei que este livro será polêmico; qualquer coisa que faça as pessoas pensarem geralmente causa controvérsia. Nesse caso, espero que você seja obrigado não apenas a pensar, mas também a pesquisar, ler livros de história e fazer perguntas fora da sua zona de conforto. Em última análise, no fim das contas caberá a cada um de nós procurarmos nossas próprias verdades.
..........Embora nem seja preciso dizer, sinto a necessidade de falar mais uma vez: esta é uma obra de ficção. Como tal, alguns dos personagens deste livro expressam opiniões das quais eu não apenas discordo, mas às quais me oponho com veemência. Eu as incluí no enredo porque essas opiniões, gostemos delas ou não, fazem parte do atual debate norte-americano. Ignorar ou fingir que opiniões radicais não existem na sociedade é um grande desserviço. Silenciar vozes ou opiniões só serve para jogá-las nas sombras e na escuridão, onde podem se inflamar, se corromper e ficar ainda mais fortes.
..........Você também vai notar que as palavras republicano e democrata raramente aparecem no livro, e, quando aparecem, ambas são mencionadas sob luz igualmente pouco lisonjeira. Também nunca ficamos sabendo quem é o presidente dos EUA nem a qual partido ele ou ela está filiado. Foram decisões conscientes da minha parte, e isso reflete o fato de que o que está acontecendo com o nosso país nada tem a ver com um partido político ou com uma pessoa específica, mas sim com a rota de destruição que viemos percorrendo, a diferentes velocidades, desde o último século. Toda vez que gritamos “Onde você estava quatro anos atrás?”, “A culpa é do seu partido, não do meu” ou “Eu não votei nele!” nos aproximamos mais um pouco do fim da América — ou pelo menos da América imaginada pelos fundadores da Nação.
..........Enquanto escrevo esta introdução, semanas antes do livro ser posto à venda, já sei que meus críticos serão cruéis e implacáveis. Eles vão me acusar de ser todo tipo de teórico da conspiração que forem capazes de inventar — e vão basear suas acusações no enredo de um romance que muito provavelmente nem sequer se darão ao trabalho de ler.
..........Felizmente, não sou nada disso. Nunca fui. Já fui chamado de todas as coisas detestáveis que existem, e aguento o tranco. Mas, quando tudo isso tiver passado e as pessoas olharem para trás, para esse período da história do nosso grande País, só há uma coisa que espero que todos, críticos e fãs, digam a meu respeito.
..........Que eu estava errado.
..........Divirtam-se com o livro; espero que na sua leitura você perca as mesmas horas de sono que eu perdi para criá-lo.

Dados do livro:               
Título: A Janela de Overton
Autor: Glenn Beck
Páginas: 384
Literatura norte-americana
Ano: 2011
Gênero: Ação, Aventura,  Suspense

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